Além do isolamento social, para tentar barrar a transmissão da Covid-19, outra estratégia indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é a aplicação massiva de testes para diagnosticar a doença. No Ceará, em 15 dias, há 5 mortes por coronavírus e outras 359 pessoas estão contaminadas. Uma das justificativas para a alta quantidade, apontam especialistas, é a possível realização de muitos testes.
Mas, esse tem sido um dos pontos frágeis no combate à doença: a incapacidade de ofertar testes para todas as suspeitas atrelada à demora na disponibilização das respostas. O tempo de espera para confirmação ou descarte da Covid 19, segundo o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) do Ceará, pode chegar a 17 dias. Moradores de 68 cidades aguardam resultados, conforme a entidade.
No município de Quiterianópolis, oito casos suspeitos foram notificados pela Secretaria Municipal de Saúde e nenhum resultado foi divulgado pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen). As primeiras amostras foram enviadas para o Lacen, dia 22 de março.
No Ceará, há casos confirmados de Covid-19 em 11, dos 184 municípios, são eles: Fortaleza (338), Aquiraz (7), Sobral (5), Quixadá (2), Caucaia (1), Fortim (1), Itaitinga (1), Juazeiro do Norte (1), Maranguape (1), Maracanaú (1) e Mauriti (1). Conforme o Cosems, nas 68 cidades que aguardam resultado, o tempo de espera tem variado entre 3 e 17 dias.
A presidente do Cosems, Sayona Cidade, ressalta que essa demora é uma “dificuldade generalizada. O interior inteiro está sem resposta”. Ela explica que os municípios receberam kits que fazem a coleta para os testes moleculares chamado RC-PCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real), que faz a detecção específica do coronavírus a partir de amostra de secreção nasofaríngeo coletada por uma espécie de cotonete pelo nariz ou pela boca.
Diário do Nordeste/Cícero Lacerda
Nota de esclarecimento sobre os exames laboratoriais realizados no Lacen
Diante da crescente demanda por exames em decorrência da pandemia de coronavírus (Covid-19), a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), por meio do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), vem a público prestar esclarecimentos.
O exame para diagnosticar o coronavírus é um teste de biologia molecular que identifica a carga genética do vírus. A cada rodada (ciclo), com cerca de 30 testes ao mesmo tempo, são utilizados um exemplar positivo e outro negativo para controle.
Amostras de secreções das vias respiratórias (nariz e garganta) dos casos suspeitos são utilizadas para análise. Os materiais são coletados em pessoas com suspeita da doença por meio de uma sonda ou pelo swab, um tipo de haste de plástico com algodões nas pontas. Assim que chegam ao laboratório, as amostras passam por diferentes estágios de preparação e extração da carga viral das moléculas até chegar à etapa final do processo.
Desde o primeiro caso de Covid-19, o Lacen trabalha para emitir em tempo hábil os laudos dos casos suspeitos da patologia. Inicialmente, a demanda era de até 100 exames por dia. A partir do dia 9 de março, o número de casos suspeitos aumentou consideravelmente, chegando a 500 no dia 18 de março.
O empréstimo de dois equipamentos de PCR pelo NPDM e pelo Labomar, da Universidade Federal do Ceará (UFC), permitiu que o número de exames aumentasse para 320 por dia. Vale ressaltar que essa capacidade leva em conta parte dos testes inconclusivos, que chegam a 10% e precisam ser repetidos.
Quanto aos kits de teste laboratorial, os exames realizados até o momento são do tipo RT- PCR, feitos pela coleta de swab. Há perspectiva de ampliação da capacidade com a aquisição de testes rápidos (sorologia) nos próximos 15 dias.
Os kits para a coleta de swab precisam ter o meio preparado diariamente, não podendo ser armazenados. A preparação leva cerca de três horas. Atualmente, apenas o Lacen realiza esse trabalho no Estado. Os demais laboratórios enviam as amostras para empresas terceirizadas em São Paulo.
Antes do Covid-19, o Lacen distribuía uma média de 10 kits de swab por dia. Atualmente, são produzidos 1.300 kits do tipo diariamente. Por enquanto, somente a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) envia os materiais reagentes necessários para a realização dos testes. Com o intuito de ampliar a capacidade, foram adquiridos 20 mil testes, com chegadas em remessas estimadas para os dias 4, 16 e 20 de abril.
A Sesa também contará com o apoio do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) e da Universidade Federal do Cariri (UFCA) na realização de testes de PCR. O Hemocentro do Ceará já dispõe de ambiente adequado, profissionais habilitados, cabine NBII, cedida pela Fiocruz, equipamento automatizado para extração de RNA (Prepito – Perkin Elmer) e equipamento de PCR em tempo real (7300 da Applied Biosystems).
Além disso, a Fiocruz se comprometeu a ceder mais um equipamento de PCR em tempo real para dar maior celeridade à liberação dos resultados, o que deverá acontecer até o final da próxima semana. A Faculdade de Medicina da UFCA irá disponibilizar um laboratório de diagnósticos nível 3 de segurança a profissionais da rede pública que atuam na região do Cariri.
O espaço conta com os equipamentos RT-PCR e termociclador, ambos essenciais no diagnóstico da doença. A UFCA ressalta que, em contrapartida, serão necessários profissionais especializados, kits e insumos para a detecção do vírus.
É preciso salientar que, no momento, há dificuldade para a importação de kits de reagentes voltados à detecção de SARS-COV-2, visto que a previsão de chegada dos insumos varia de 30 a 60 dias. Os kits são fundamentais para atender à demanda considerável.
O Governo do Ceará está pleiteando junto ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) o recebimento dos kits de reagentes para detecção de SARS-COV-2 e dos kits de extração manual de RNA (BIOGENE). A aquisição dos insumos dará celeridade ao diagnóstico de coronavírus no Estado, ampliando a capacidade de execução e, consequentemente, diminuindo o tempo de espera pelos resultados.
Além disso, a Sesa está adquirindo mais 500 mil testes rápidos, com chegada prevista para os próximos 15 dias, a depender dos trâmites de importação. Os testes estarão disponíveis em todas as unidades hospitalares estaduais, localizadas na capital e no interior, conforme critérios determinados pela Secretaria.
Dessa forma, estima-se que entre 30 e 60 dias a capacidade para a realização de exames laboratoriais será triplicada, atendendo com maior celeridade todos os municípios cearenses. Como a demanda atual é considerável, a Secretaria priorizará a realização de exames em pacientes internados em UTIs e enfermaria, em profissionais de saúde e em pessoas que vieram a óbito com suspeita da doença.
9 DE MARÇO DE 2020 – 19:00 – Assessoria de Comunicação da Sesa
Discussão sobre este post