O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) havia pedido a prisão preventiva do médico na quarta-feira (17). A Promotoria de Justiça de Uruburetama argumentou, no pedido de prisão divulgado na quinta-feira (18), que o médico poderia comprometer as investigações por sua “influência no município e no meio político”.
Para a Promotoria, Paiva poderia “coagir, constranger, ameaçar, corromper, enfim, praticar atos tendentes a comprometer a investigação do Ministério Público e da Polícia Civil”.
O Sistema Verdes Mares teve acesso a 63 vídeos feitos pelo próprio médico. Em alguns, ele aparece com a boca nos seios das pacientes ou tentando penetrá-las sob o pretexto de ser um procedimento médico para diminuir inflamações.
Profissionais da Associação de Medicina Brasileira assistiram às imagens e avaliam que há “claramente estupro das pacientes”.
As primeiras denúncias contra José Hilson ocorreram em 1994, mas o caso foi arquivado. As mulheres afirmaram que não denunciaram por medo ou porque dependiam do prefeito para manter emprego ou ter acesso a serviços públicos.
Em 2018, quatro mulheres voltaram a denunciar Hilson Paiva por abuso durante atendimento ginecológico. O juiz arquivou o caso, e as mulheres foram obrigadas a pedir desculpas ao então prefeito para evitar serem processadas por calúnia e difamação. Apenas uma delas se recusou e manteve a denúncia.
Após repercussão do caso em matéria veiculada pelo Fantástico no último domingo (14), José Hilson foi afastado da prefeitura de Uruburetama, expulso do partido PCdoB, ao qual era afiliado, e impedido de exercer a medicina por seis meses em decisão do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec).
Investigação
Pelo menos duas vítimas já foram ouvidas na unidade da Polícia Civil de Uruburetama até esta quinta-feira (18). Outras quatro mulheres estiveram na Delegacia de Cruz, onde José Hilson trabalhou como médico da Prefeitura entre 1992 a 2012 e manteve um consultório particular na cidade até 2018, onde também teria cometido os crimes.
O MPCE afirma ainda que já investigava o médico desde junho deste ano, pelos mesmos vídeos obtidos pelo Sistema Verdes Mares. O órgão responsável pela apuração é o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc) e, até o momento, seis vítimas e uma testemunha já foram ouvidas.
Diário do Nordeste
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